Finanças no Terceiro Setor: A Chave para escalar o Impacto e garantir a Longevidade da sua Missão

  • Home
  • Gestão para ONGs
  • Finanças no Terceiro Setor: A Chave para escalar o Impacto e garantir a Longevidade da sua Missão
finanças no Terceiro Setor, finanças para ONGs

Finanças no Terceiro Setor: A Chave para escalar o Impacto e garantir a Longevidade da sua Missão

Gestão e Finanças no Terceiro Setor são sempre um assunto delicado. A paixão e o propósito são os combustíveis que movem as organizações. No entanto, para que essa energia se traduza em impacto social duradouro e escalável, é fundamental que ela seja sustentada por uma gestão financeira robusta e estratégica.

Minha jornada como executivo e gestor de ONGs, reforçou uma verdade inegável: finanças não são um fim em si mesmas, mas o meio essencial para que a missão social floresça e se perpetue.

Como profissional que atua na estruturação e profissionalização de organizações sociais, compreendo que a capacidade de gerir recursos com excelência é tão vital quanto a causa que se defende. É o que permite transformar boas intenções em resultados concretos e mensuráveis.

1. Finanças para ONGs: além da Contabilidade, a Sustentabilidade do Propósito

Muitos líderes do Terceiro Setor, movidos por um forte senso de dever e contribuição social, podem ver as finanças como um aspecto meramente burocrático.

Isso não significa ser um expert, mas entender a linguagem do dinheiro para garantir a saúde da organização.

Para uma ONG, a saúde financeira se traduz em:

  • Capacidade de Operação: Ter recursos para manter programas e equipes.
  • Resiliência: Suportar crises e imprevistos sem comprometer a missão.
  • Atração de Investimentos: Mostrar aos doadores e parceiros como seus recursos serão bem aplicados.

Um estudo da Nonprofit Finance Fund (NFF) de 2023 revelou que 50% das organizações sem fins lucrativos nos EUA possuem menos de três meses de reservas operacionais, o que as torna extremamente vulneráveis.

Não há dados públicos recentes, pós-pandemia, que quantifiquem precisamente quanto tempo de reservas operacionais as OSCs brasileiras mantêm (por exemplo: se possuem menos de três meses de caixa como no estudo americano). As análises disponíveis abordam principalmente sustentabilidade financeira de maneira qualitativa ou refletem dificuldades históricas de captação de recursos.

O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), publicado em 2023, traz dois indicadores importantes da fragilidade estrutural das finanças no Terceiro Setor:

  • Cerca de um terço das OSCs criadas nos últimos 120 anos já fecharam.
  • Entre as OSCs abertas até 2009, uma a cada duas fechou suas portas após 2000 — o que sugere alta taxa de falência, relacionada em parte à escassez ou imprevisibilidade de recursos

A imprevisibilidade e a falta de estabilidade nas receitas são citadas regularmente como uma das principais causas de dificuldades de sobrevivência das OSCs, e frequentemente levam ao fechamento de entidades.

Isso sublinha a urgência de uma gestão financeira proativa, que garanta não apenas a sobrevivência, mas o crescimento sustentável.

2. O Caixa é Rei, o Impacto é Legado: Otimizando Recursos no Terceiro Setor

A máxima “o caixa é rei” é universal. Para ONGs, isso significa que, sem fluxo de caixa, a organização não paga contas, não mantém projetos e, consequentemente, não gera impacto.

Simonato reitera a importância de olhar para frente, para o futuro, e para fora, para as tendências do mercado. Isso se aplica diretamente ao Terceiro Setor:

  • Captação de Recursos: Não basta atrair doações; é preciso gerenciar os recebíveis e otimizar os prazos de pagamento para garantir liquidez.
  • Redução de Custos: Identificar e eliminar despesas desnecessárias – ou não prioritárias naquele momento – pode liberar recursos significativos para a causa. Pequenas economias, como a renegociação de contratos de serviços, somam-se a grandes ganhos.
  • Rentabilidade do “Produto Social”: Assim como uma padaria não ganha dinheiro apenas com o pãozinho, uma ONG pode ter projetos que “atraem” o público, mas que precisam ser complementados por outros que garantam a sustentabilidade financeira. Analisar a “margem de contribuição” de cada programa é vital.

A Charities Aid Foundation (CAF), em seu relatório de 2023, aponta que a transparência financeira e a eficiência na gestão de recursos são os principais fatores que influenciam a confiança dos doadores, superando até mesmo a notoriedade da causa.

Gestão e Finanças no Terceiro Setor

3. O Conselheiro: Um Catalisador de Valor e Visão Estratégica para ONGs

O papel do conselheiro consultivo no Terceiro Setor é de um verdadeiro catalisador. Como Simonato ressalta, o conselheiro deve “oxigenar a empresa”, trazendo uma visão externa e de futuro. E enfatiza, “todo conselheiro precisa ser um bom conhecedor de finanças”.

No caso dos conselheiros de organizações sociais, isso significa:

  • Desafiar o Status Quo: Questionar processos e práticas que “sempre foram assim”, mas que podem ser ineficientes.
  • Conectar Oportunidades: Utilizar o networking para abrir portas, seja para novos doadores, parcerias estratégicas ou talentos.
  • Proteger a Organização: Orientar a liderança para evitar riscos (financeiros, reputacionais, legais) que possam comprometer a missão.

A BoardSource, organização líder em governança de conselhos sem fins lucrativos, destaca que conselhos engajados e com diversidade de competências (incluindo financeiras) podem aumentar a eficácia da organização em até 25%, impulsionando a captação de recursos e a inovação.

4. Medir para Transformar: Indicadores Financeiros e de Impacto no Terceiro Setor

A máxima “não dá para gerenciar aquilo que não se mede” é a base para a profissionalização. O que significa ir além do Balanço, DRE e Fluxo de Caixa. É preciso conectar esses indicadores financeiros a métricas de impacto social.

  • Balanço Patrimonial: Revela a saúde financeira e a capacidade de investimento.
  • Demonstrativo de Resultado (DRE): Mostra a eficiência na gestão de receitas e despesas.
  • Fluxo de Caixa: Essencial para a liquidez e a capacidade de honrar compromissos.

Ao analisar esses dados, o líder/gestor ou o conselheiro podem identificar, por exemplo, se a ONG está com um “ativo podre” (como doações prometidas, mas não recebidas) ou se há desperdício de recursos.

A capacidade de demonstrar o ROI (Retorno sobre o Investimento) social, ou seja, o impacto gerado por cada real investido, é um diferencial competitivo.

Um relatório da Bridgespan Group (2022) aponta que organizações que medem e comunicam seu impacto de forma clara têm maior facilidade em atrair e reter grandes doadores e financiadores institucionais.

Conclusão: Finanças no Terceiro Setor como ferramenta de Impacto Social

A gestão financeira no Terceiro Setor não é um fardo, mas uma poderosa ferramenta para escalar o impacto e garantir a longevidade da missão. Ao unir a visão estratégica com a sensibilidade para o bem comum, líderes e conselheiros podem transformar a realidade de suas organizações.

Investir em conhecimento financeiro, otimizar recursos e adotar uma postura proativa na gestão são passos essenciais para que sua organização não apenas sobreviva, mas prospere e continue a ser um agente de transformação social.

Como sua organização está fortalecendo sua gestão financeira para maximizar seu impacto e garantir sua perenidade?

Na dmp focamos em desenvolver o máximo potencial das Organizações alinhado ao propósito das mesmas. Precisa de orientação? Vamos conversar!

Autor: Clever Murilo PiresSócio dmp especialista em Gestão e Finanças no Terceiro Setor

Leave A Comment

Create your account

[ct-user-form form_type="register"]