O conselho consultivo no Terceiro Setor é um pilar estratégico que oxigena a gestão, blinda a reputação e impulsiona a missão.
A paixão pela causa é inegável. Mas para que essa paixão se transforme em impacto social duradouro e escalável, é fundamental que as organizações sociais invistam em estruturas de governança robustas.
Como profissional que atua na estruturação e profissionalização de organizações sociais, compreendo que a presença de um conselho consultivo qualificado não é um luxo, mas uma necessidade para navegar os desafios contemporâneos e garantir que o propósito se materialize em resultados concretos.
1. O Conselho Consultivo no Terceiro Setor: um Olhar externo que Transforma
Organizações sociais, muitas vezes, nascem da iniciativa de fundadores visionários. Com o tempo, a complexidade aumenta, e a necessidade de uma visão externa e imparcial se torna vital. Sara Velloso destaca que o conselho consultivo traz essa perspectiva estratégica, essencial para:
- Identificar Oportunidades: Em um mundo em constante mudança, o conselho ajuda a ONG a antecipar tendências (como a adoção de IA na gestão ou captação de recursos) e a explorar novos caminhos para o impacto.
- Navegar Crises: Em momentos críticos (sejam eles financeiros, reputacionais ou políticos), o conselho oferece apoio e orientação para alinhar discursos e buscar saídas estratégicas. A reputação de uma ONG é seu maior ativo; um conselho experiente pode ser a diferença entre a superação e o colapso.
- Otimizar Recursos: Com um olhar isento, o conselho auxilia na tomada de decisões orçamentárias, na redução de custos e na alocação de verbas de forma a privilegiar a estratégia da organização.
Um estudo da BoardSource (2023), uma das maiores referências em governança de organizações sem fins lucrativos, aponta que ONGs com conselhos ativos e engajados têm 2,5 vezes mais chances de superar suas metas de captação de recursos e demonstram maior resiliência em períodos de crise.
2. Os Três Deveres Essenciais do Conselheiro no Terceiro Setor
A atuação de um conselheiro é pautada por três deveres fundamentais, que Sara Velloso detalha com clareza:
- Dever de Cuidado: Significa estar comprometido com o acordo estabelecido, participar ativamente das reuniões, estudar a pauta e apoiar as iniciativas da gestão. Para uma ONG, isso se traduz em dedicação genuína à causa, buscando sempre o desenvolvimento estratégico da instituição.
- Dever de Obediência: Implica conhecer e seguir os documentos de governança da organização (estatuto, código de ética, regulamentos). É fundamental que o conselheiro compreenda a cultura da ONG e atue em conformidade com suas diretrizes, garantindo a integridade e a conformidade legal.
- Dever de Lealdade: O conselheiro é um embaixador da organização. Ele deve estar imbuído e alinhado com a missão, visão e valores da ONG. Como Sara exemplifica, não faz sentido um conselheiro atuar em uma causa que conflita com seus valores pessoais, pois a lealdade genuína é a base da credibilidade.
A Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), em seu Censo de 2022, destaca que a transparência e a boa governança são os principais fatores que influenciam a decisão de doadores individuais e corporativos, reforçando a importância do cumprimento desses deveres.
3. Alinhamento de Valores: O Coração da atuação Conselheira em ONGs
A conexão entre os valores pessoais do conselheiro e a missão da organização é um ponto crucial. Não se trata apenas de competência técnica, mas de um engajamento profundo com o propósito.
“Quando os valores não se conectam, não basta simplesmente sentar numa cadeira de conselho.”
Sara Velloso
Essa ressonância de valores é o que permite ao conselheiro ser um verdadeiro embaixador, defendendo a causa com autenticidade e paixão. Para ONGs, isso se reflete na capacidade de atrair e reter talentos para o conselho que realmente acreditem na transformação que a organização busca gerar.
Um estudo da Deloitte (2021) sobre o setor sem fins lucrativos globalmente, revelou que organizações com forte alinhamento de valores entre liderança e causa apresentam 40% mais engajamento de voluntários e maior facilidade em mobilizar recursos.
4. Profissionalização e Independência: Blindando a Missão Social
A atuação do conselheiro é estratégica, não operacional. O conselheiro orienta, questiona e apoia, mas a execução é da gestão.
Além disso, a independência do conselheiro é vital. Ele deve ter a liberdade de questionar, de trazer alternativas e, se necessário, de se posicionar quando os limites éticos ou legais são atingidos. Essa autonomia protege a organização de escândalos e garante que as decisões sejam tomadas no melhor interesse da missão, e não de interesses particulares.
A profissionalização dos conselhos em ONGs, com a inclusão de membros independentes e com diversas expertises, é um caminho para fortalecer a governança e garantir a perenidade da instituição.
O IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), em suas publicações sobre o Terceiro Setor, enfatiza que a adoção de boas práticas de governança, incluindo a independência do conselho, aumenta a percepção de credibilidade e atrai mais investimentos sociais.
Conclusão: O Conselho Consultivo como alavanca para o Impacto Exponencial
A presença de um conselho consultivo qualificado e engajado é um diferencial competitivo para qualquer organização social. Ele traz a visão externa necessária, a expertise para navegar desafios e a solidez para garantir que a paixão se traduza em resultados mensuráveis e sustentáveis.
Ao investir na profissionalização de seus conselhos, as ONGs não apenas blindam sua reputação, mas também liberam seu potencial máximo para gerar impacto social.
É o caminho para transformar boas intenções em um legado duradouro. Como sua organização está fortalecendo seu conselho consultivo para impulsionar sua missão? Vamos conversar!